Hoje, é o Dia Mundial da Criança, e também um dia muito especial para nós pois completamos 1 ano com o nosso projeto «Ensinando uma criança a viver», uma parceria entre o Blog da Criança, a Sehiarpo Associação e o Clube das Estrelinhas. Obrigada à todos que participam deste projeto, e meu agradecimento especial a Yolanda Castillo a criadora de do projeto e autora de todas estas lindas histórias que partilhamos mensalmente com os nossos amiguinhos.

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Corações Unidos

Olá eu sou o António, mas todos me chamam Tony e embora viva no Texas sou Português. Os meus pais emigraram há alguns anos por problemas de trabalho. Inicialmente tive medo de deixar os meus amigos, a minha casa, a família e a cidade, mas isso foi só durante a primeira semana. O colégio é muito grande e as pessoas são sempre muito amáveis. Os meninos acolheram-me e aceitaram-me muito bem, até fiz amigos muito rápido, com quem passo muito tempo: inventamos jogos, saímos para montar a cavalo, damos passeios, são tantas as coisas que fazemos e que me deixam tão feliz!

Mas os Sábados, para mim, são o melhor dia da semana. Sabeis porquê? Porque vou a um lugar muito especial, onde há uma professora com um coração enorme, e o que mais gosto nela é que os seus olhos brilham e irradiam luz e entusiasmo.

Na Escola de Valores somos poucos meninos, mas fazemos coisas muito especiais: pintamos mandalas, meditamos, falamos de temas importantes da atualidade e de emoções positivas. É muito bom sentir emoções positivas nos nossos corações. Uma vez por mês criamos histórias de fantasia, da natureza e de animais.

Faz agora um mês a professora da Escola de Valores estava muito preocupada, pela primeira vez não trazia brilho no olhar. A menina Missi perguntou-lhe o que tinha acontecido, porque ela aparentava estar muito triste, e inevitavelmente isso deixava-nos tristes também. Ela explicou-nos que é voluntária num centro onde acolhem crianças órfãs que chegam de países em guerra. São crianças muito tristes, com o coração muito apertado e nunca sociabilizam entre eles, nem sorriem. Sentiam saudades da sua família e nada os fazia felizes. Durante a noite choravam e tinham muitos pesadelos. A professora Anne passava algumas noites lá com eles e vê-los tão mal entristecia-a e já não sabia o que fazer para os ajudar. Jonh, que é o mais crescido do nosso grupo, teve uma ideia fantástica:

– Anne porque não escrevemos histórias de fantasia para esses meninos? De certeza que os ajudaria a sonhar menos com coisas más e que lhes recordem os tempos de guerra.

– É uma excelente ideia Jonh! Parece-vos bem, a todos? Achais-vos capazes? – Disse Anne

Ficaram todos em silêncio rigoroso, com cara de medo e incerteza, ninguém falava. Perante tanto silêncio, Anne ficou ainda mais triste e Jonh disse prontamente:

– De verdade mesmo que não quereis fazer nada para os ajudar? Vocês não se importam que eles estejam tão tristes?

– Não é isso Jonh! Todos temos trabalhos de casa para fazer, treinos, exames…

– Disse Susana.

-E quê? Não gostaríamos também, se estivéssemos na situação deles, que alguém nos ajudasse? Que alguém nos fizesse sentir um bocadinho mais felizes? – Disse Jonh e continuou – Acreditava que eramos uma equipa, uma família de amigos especiais, com todos os valores que Anne nos tem vindo a ensinar ao longo dos anos. Já se esqueceram da solidariedade e respeito, do amor por nós próprios e pelos demais?

– Tens razão Jonh. – Disse a Maria – Nós aqui somos felizes com os nossos amigos, com a nossa família, vivemos em sítios calmos… sem guerra; podemos estudar, brincar no parque e não temos pesadelos. Ajudá-los a ser felizes é muito importante!

Todos ficamos sensibilizados com as palavras de Jonh e Maria, então decidimos criar histórias para que Anne lhes lesse a cada noite. Todos falávamos com entusiasmo, expandíamos as nossas ideias, procurávamos nomes para as nossas personagens, etc; e Pedro copiava as ideias. Anne observava tudo com muita atenção e orgulho, por ver os seus meninos, é assim que a Anne nos trata, a tomarem a liberdade de ajudar outros meninos.

Laura teve outra ideia brilhante:

– Ouçam todos, porque não compramos um caderno e escrevemos todas as nossas histórias lá?

– Para quê laura? – Disse Maria.

– Porque assim seria um livro de histórias e podíamos criar desenhos. Então sempre que a Anne lhes conte uma historia criada por todos nós poderá trazer o caderno de volta para que possamos criar outra história e mais outra e mais outra…- Disse Laura.

– Bem, isso é uma ideia genial – disse Maria e continuou – Victor tu podes fazer desenhos para que as histórias fiquem ainda mais bonitas.

– Exato!- disse Jonh- até porque assim sempre que eles queiram esquecer algum pensamento mais triste podem sempre reler as historias que criamos para eles!

Todos entramos em acordo e assim prosseguimos na criação do “Livro Mágico” com muito entusiasmo, alegria e cor. Na primeira página todos pusemos os nossos nomes e um bonito sol de cores. Escrevíamos juntos e quanto já tínhamos duas histórias prontas entregamos o livro a Anne.

Nessa noite quando alguns meninos acordaram com pesadelos Anne explicou-lhe que outras crianças tinham criado um “Livro Mágico” com histórias para que eles fossem felizes durante a noite. Então, com a sua voz doce, contou-lhes uma bela história e eles adormeceram tranquilamente.

Assim, no dia seguinte, reuniu todos os meninos do centro no salão e contou outra história maravilhosa e pela primeira vez todos os meninos foram dormir de sorriso estampado no rosto. Nessa noite ninguém acordou com pesadelos. Nós, na escola de valores continuamos a criar contos e histórias que conseguiam que os meninos do orfanato fossem mais felizes e passassem os seus dias mais sorridentes. Sem nos darmos conta o tempo foi passando e na escola de Valores continuamos a ter o compromisso e a responsabilidade de criar histórias. Era uma tarefa que nos mantinha alegres e unidos. Para os meninos do centro as nossas histórias eram presente que lhes deixava o coração preenchido de sentimentos positivos.

Anne sentia-se muito feliz por ter ajudado a criar esta união de corações de crianças, sem sequer se terem conhecido pessoalmente. Então Anne, com o apoio das suas companheiras voluntárias e da diretora do centro, organizou uma visita dos meninos da Escola de Valores ao centro para nos conhecermos e podermos partilhar abraços entre nós!

O dia da visita foi muito especial para todos e destacou-se pelas histórias, abraços, gargalhadas e palavras de carinho. A partir desse dia a diretora do centro deu-nos a oportunidade de que estivéssemos juntos todos os meses.

Esse dia era o Dia da União!

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