ISABEL RICARDO, uma escritora de referência literatura infantil e juvenil em língua Portuguesa, razão por que é recomendada por vários Professores de Português, escreveu o primeiro livro com apenas 11 anos e possui já uma vasta obra, publicada não só em Portugal, mas também no estrangeiro. Neste momento, conta já com um leque variado de obras publicadas, 28, sendo a maioria para crianças e jovens.
Blog da Criança: Quando pensou em começar também a escrever para o público infanto juvenil? O que a motivou e quais são os seus objectivos?
Isabel Ricardo: – Eu decidi escrever literatura infanto juvenil quando era criança mesmo e me apercebi que já não havia mais livros desse género para eu ler… 🙂 Se queria ler mais, teria de ser eu a escrevê-los. Mais tarde, em adulta, depois de publicar o primeiro livro: “A Floresta Encantada” as crianças a quem eram direccionadas esse livro foram crescendo e pediam-me para escrever livros de aventuras também e eu lembrei-me daqueles primeiros livros que eu escrevi. Por isso resolvi reescrevê-los, substituindo as personagens por umas mais actuais. A colecção chamava-se “Os Aventureiros” e resolvi manter o nome, em homenagem a esses primeiros livros. Portanto, o objectivo foi proporcionar divertimento, aventura, mistério, emoção e suspense aos meus leitores.
Blog da Criança: Conte-nos como é o seu exercício de criar um livro para um público tão exigente, como é o infanto-juvenil?
Isabel Ricardo: – Primeiro imagino o enredo, (algo que ache que as crianças e os jovens acharão estimulante) e o local onde vai decorrer a acção. Quando começo a escrevê-lo tento que esse livro esteja emocionante desde a primeira linha, para prender o leitor de forma a entusiasmar-se pelo livro e não o largar até que termine. Quando o leio, se não me esquecer de tudo em meu redor, é porque não está como eu quero e volto a reescrevê-lo. Sou muito perfeccionista.
Blog da Criança: O que mais a fascina na Escrita?
Isabel Ricardo: – A criação de novas personagens, situações entusiasmantes e misteriosas que habitualmente não sucedem na realidade. Escrever permite vivermos situações emocionantes sem corrermos riscos e permite-nos viajarmos por novos lugares.
Blog da Criança: Conte-nos um pouco sobre os seus livros e em que histórias eles se baseiam!
Isabel Ricardo: – Esta pergunta é um bocadinho difícil de responder, porque são muitos livros, muitas colecções diferentes, mas vou tentar falar um bocadinho de todos, no geral, por isso a resposta será um bocadinho extensa.
Por exemplo, os romances históricos, destinados aos adultos, são passados em épocas da História de Portugal que sempre considerei muito interessantes e empolgantes. “O Último Conjurado” decorre em 1640, na altura da restauração da independência, após os 60 anos sob o domínio espanhol, e é um romance muito especial para mim e para muitos leitores.
“A Demanda do Mestre” é passado durante a crise de 1383-85, quando Portugal é invadido por Espanha, após a morte do rei D. Fernando. Deu-me um enorme gozo escrever esse livro, apesar do imenso trabalho de pesquisa.
“A Revolução da Mulher das Pevides” é passado durante a primeira invasão francesa em Portugal. Também tenho “O Segredo de Ana”, que decorre em 1850, e “Crime e Sedução”, este de crime e mistério, passado no tempo actual.
A trilogia “Porto do Graal” é com 4 jovens que se vão envolver com uma quadrilha internacional interessada em descobrir, a todo o custo, o tesouro perdido dos Templários.
“Guerreiros da Luz” é uma colecção de literatura fantástica, uma saga de 5 livros onde a batalha entre o Bem e o Mal é preponderante. É com três jovens de 13 anos, com dons especiais, que estão destinados a salvar o mundo da destruição prometida pelo temível Inominável.
“Os Aventureiros” são livros de aventuras empolgantes passadas em locais que todas as pessoas conhecem e que por vezes nem se apercebem da beleza e do mistério desses locais. São três rapazes, uma rapariga e um corvo muito engraçado que consegue imitar tudo e todos. Os bandidos foram inspiradas em pessoas reais, normalmente pessoas que conheço e que, de certa maneira, foram antipáticas para mim, ou fizeram alguma coisa de que eu não gostei…
“A Floresta Encantada” e “Quando Eu Fui Pardal” têm uma mensagem ecológica para as crianças, não só para que aprendam a respeitar e a proteger a natureza, mas também para que protejam os animais que partilham o mesmo planeta connosco e que têm tanto direito a cá viver como nós.
“O Fantasma das Cuecas Rotas”, “Um Sonho Muito Interessante” e “As Travessuras do Vitinho” é mais para a criançada se divertir, embora o primeiro tenha também uma mensagem que considero muito importante. Que devemos respeitar a diferença e ser tolerantes para com todas as pessoas que nos rodeiam e que de alguma maneira são diferentes de nós. Somos todos diferentes, mas também somos todos iguais. Este é direccionado aos mais pequeninos que ainda andam no Jardim de Infância ou no 1º ano de escolaridade.
Blog da Criança: Quando pensa em criar um livro, a inspiração surge na hora, ou é um processo que leva tempo?
Isabel Ricardo: – É conforme o livro. Já tive livros que me inspiraram na hora. Por exemplo a saga dos “Guerreiros da Luz” foi muito interessante porque vinha numa viagem de Lisboa para a Nazaré e uma canção que tocava na rádio inspirou-me para a colecção completa. Passei toda a viagem a tirar apontamentos de tudo o que me vinha à cabeça, até que esgotei todo o papel que levava e fui forçada a escrever em 20 cheques!… O primeiro livro: “Sofia Gama e a Profecia do Templário”, curiosamente, foi todo escrito durante a noite. Acordava várias vezes para escrever, e fazia-o às escuras, voltava a adormecer e assim por diante até de manhã. Durante o dia passava os apontamentos para o computador, pois se demoro mais de três dias depois já não sei o que escrevi… Escrevo muito depressa para acompanhar a imaginação e por vezes não consigo deslindar a minha letra, o que se torna um bocadinho frustrante!… 🙂 Já nos livros dos “Aventureiros” o processo é completamente diferente. Imagino o enredo, o local onde vai decorrer e depois crio a história, dia a dia. É certo que às vezes o desenrolar dos acontecimentos me pegam de surpresa e tomam uma direcção completamente diferente da que pensara inicialmente. Acontece-me o mesmo com algumas personagens que, por vezes, parecem ganhar vida própria e depois escapam-se ao meu controle, que foi o que aconteceu com uma personagem de “A Demanda do Mestre”, a Constança, que era para ser uma personagem meramente secundária, mas que depois se tornou muito importante no decorrer do romance.
Blog da Criança: Quais são os temas que mais gosta de escrever e porquê?
Isabel Ricardo: – Histórico, aventura, mistério, suspense. Gosto desses temas, porque me empolgam muito, imagino-me a viver aquelas situações e calculo que os meus leitores irão sentir o mesmo. Costumo envolver tudo com imenso humor, pois acho que também é muito importante.
Blog da Criança: Quais foram os seus Livros de referência na sua Infância?
Isabel Ricardo: – “As Aventuras de Pequenu”, as colecções dos “Cinco”, e “A Aventura”, de Enid Blyton.
Blog da Criança: Qual são os seus Autores favoritos em Literatura Infantil e Juvenil?
Isabel Ricardo: – Os meus autores favoritos foram Enid Blyton e actualmente a J. K. Rowling, embora também goste de alguns autores portugueses.
Blog da Criança: Quanto tempo em média demora para escrever um livro e quanto do seu dia é ocupado pela escrita dos mesmos?
Isabel Ricardo: – O tempo tem a ver com o tamanho do livro. Por exemplo, em média, os livros dos “Aventureros” demoram cerca de dois ou três meses. Os “Guerreiros da Luz” e a trilogia “Porto do Graal” cerca de quatro ou seis meses. Os romances históricos, claro, demoram muito mais tempo, não só pelo aumento do número de páginas, como também pela intensa pesquisa.
O que demorou mais tempo foi “O Último Conjurado” (dois anos). Dos infantis os que demorei menos tempo a escrever foi a “A Floresta Encantada” (cinco dias) e “O Fantasma das Cuecas Rotas” demorei um dia. Costumo levantar-me e ir para o computador, fazendo um intervalo para o almoço, retomando depois atè à noitinha.
Na parte final de um livro chego a trabalhar durante a noite, pois não consigo desligar do livro. Chego a esquecer-me de comer. Noutros dias escrevo pouco, ou porque tenho sessões de incentivo às escolas e bibliotecas, ou porque estou a visitar os locais e a fazer pesquisa no terreno, ou quando são históricos, em bibliotecas.
Blog da Criança: O que sonhava ser na infância?
Isabel Ricardo: – Detective e escritora! O que de certa maneira consegui concretizar, porque além de ser escritora, também sou um pouco detective, não só na pesquisa em livros, mas também em terreno, para poder explorar os locais que irei descrever nos livros.
Blog da Criança: O que acha da atual educação que é transmitida aos jovens dentro de suas casas?
Isabel Ricardo: – Os pais actualmente têm muito pouco tempo para estar com os filhos e estes estão demasiado tempo na escola. No entanto, estes pais transmitem e proporcionam aos filhos algo que os de antigamente não tinham possibilidade. Por exemplo, eu em criança tinha de ler e escrever às escondidas dos meus pais, porque eles não viam isso com muito agrado, pois não compreendiam aquela minha necessidade de escrever livros e devorar todos os livros que apanhava pela frente… Actualmente os pais incentivam muito os filhos a ler e a expressar os seus dons, os seus gostos, o que é excelente.
Blog da Criança: Qual a sua sugestão para incentivar que crianças e jovens tomem gosto pela leitura?
Isabel Ricardo: – É muito importante o primeiro lvro que a criança lê porque se não estiver interessante e atractivo a criança pode ficar com má vontade contra eles, cria aversão aos livros. Os pais devem escolher muito bem esse livro. Deve ser divertido, emocionante, cativante e transmitir algo importante, pois o livro é uma ferramenta essencial na formação e educação da criança, pois pode transmitir-lhe bons valores e ajudá-las a distinguir o bem e o mal.
Blog da Criança: Os Nossos Leitores são na grande maioria ligado ao universo infanto-juvenil e de vários Países Lusófonos, a Isabel Ricardo gostaria de deixar uma mensagem especial para eles?
Isabel Ricardo: – Leiam! Leiam muito, porque é uma coisa maravilhosa, empolgante! Viajam por lugares que desconhecem, divertem-se e vivem aventuras emocionantes que vos irão fazer vibrar de emoção! Desafio-vos também a conhecerem os meus amigos Aventureiros e Guerreiros, porque tenho a certeza de que irão gostar muito deles. O Lucas Cabral é do Brasil e o Fernão Dias é de Angola, dois dos três Guerreiros da Luz… Espreitem o meu site para ficarem a conhecer melhor os meus livros: www.isabelricardo.com
Perguntas Rápidas para Isabel Ricardo:
Um Livro: “O Último Conjurado”.
Um sonho: Ter os meus livros publicados em muitas línguas, lidos por muitas crianças e jovens de todos os países..
Um filme: Trilogia “O Senhor dos Anéis”, talvez o primeiro filme.
Portugal: Nazaré, adoro a sua praia e é o local onde eu vivo.
Europa: Adorava conhecer toda.
Um país: Portugal, um país lindíssimo.
Uma viagem: À volta do mundo, não só em navio de cruzeiro, mas também de avião e comboio. Adoro viajar e conhecer novos locais, pessoas…
Uma frase: “Pedras no meu caminho? Guardo todas. Um dia vou construir um castelo. ” (Fernando Pessoa)
Um lema de vida: “Carpe Diem” (Aproveita o Dia)
Fiquei impressionadíssimo com a entrevista que teve com Fátima Lopes, pela similaridade de situações. Também escrevo compulsivamente desde que me aposentei em 2011. Desde então já criei mais de trinta títulos de de romances de ficção, alguns deles de inegável qualidade. Faço pequenas edições de autor apenas pelo prazer de acariciar o produto do meu trabalho. Houve uma altura em que ainda tive um sonho, mas a lâmpada apagou-se face ao “des” interesse das editoras portuguesas. O que queria mesmo era felicitá-la por ter conseguido pular a barreira! Felicidades
Aurélio Caldeira
Fiquei impressionadíssimo com a entrevista que teve com Fátima Lopes, pela similaridade de situações. Também escrevo compulsivamente desde que me aposentei em 2011. Desde então já criei mais de trinta títulos de de romances de ficção, alguns deles de inegável qualidade. Faço pequenas edições de autor apenas pelo prazer de acariciar o produto do meu trabalho. Ouve uma altura em que ainda tive um sonho mas a lâmpada apagou-se face ao “des” interesse das editoras portuguesas.