É difícil encontrar uma criança que não goste de música, algumas podem não gostar de cantar, mas gostam de tocar algum instrumento musical, outras apreciam apenas ouvir; mas o que importa é que através da música conseguimos despertar em nossos corações os mais belos sentimentos. Música faz bem para a alma e faz bem para o corpo e desde pequeno podemos aprender a desfrutar dos benefícios das notas musicais.
Hoje deixo para vocês pequeninos e grandes leitora do Blog da Criança, uma linda história sobre música escrita pela terapeuta Yolanda Castillo do Centro de Medicina Holística.
Marieta e os sons da sua pandeireta
Sempre levo comigo a minha pandeireta, ela é muito especial e tem milhões de coisas. Quando tinha sete anos, a minha tia ofereceu-ma, era uma das pandeiretas que a minha tia Filipa tinha na sua tenda de musica. Ela sempre dizia que todos os instrumentos emitiam um som especialmente doce e compatível com cada pessoa. A tia Filipa dizia que aquela pandeireta era muito parecida comigo, pois desprendia alegria e felicidade, por todas as cores que estava composta. Alem disso a pandeireta tinha laços amarelos e violetas pendurados que fazem com que ela seja ainda mais bonita. Na tela onde golpeio com a mão, para que se produzam os sons, tem desenhada uma nota musical dourada. Ah! Na madeira tem gravado o meu nome: Marieta. Parecia uma pandeireta de princesa!
Assim que sonhava em tocar e ouvir os sons especiais. Ás vezes só dava pequenos golpes, com medo de não fazer bem ou que não soasse bem, porque toda a gente dizia que a pandeireta é um instrumento difícil e vulgar, sem importância, diziam que com ela não se podiam fazer coisas grandiosas. Isso a mim deixava-me triste, porque sentia que todos os instrumentos da loja da tia Filipa eram especiais, mas sobretudo, a minha pandeireta.
Comecei a assistir a aulas para aprender a tocar pandeireta, pois eu gostava de poder criar sons tão especiais como ela; também gostava de demonstrar a toda a gente que da pandeireta nascem coisas muito bonitas. A tia diz-me sempre que tocar um instrumento requer paciência, dedicação e esforço, mas que o mais importante é ter amor por aquilo que se faz. Sempre a ouço com muita atenção, porque eu acredito que nada é impossível.
A minha professora de pandeireta ficou encantada quando viu a minha, era a mais bonita e original de toda a turma. Era sempre muito divertido ir ás aulas, porque aprendia muito e junto com as outras crianças, tocava-mos todos ao mesmo tempo e a musica das nossas pandeiretas ouvia-se muito alto, em toda a escola.
Agora cada vez que vou pela rua, toco a pandeireta. Ainda que não muito forte, porque a minha mamã ralha comigo por fazer muito barulho, e insiste que a pandeireta é para tocar na escola ou em casa. Todos os dias ao sair da escola de musica, a mamã, deixa-me ficar umas horas com a tia Filipa enquanto ela acaba de fazer coisas aborrecidas do seu trabalho. Eu não me importo de ficar com a tia na loja, pois ela deixa-me tocar a pandeireta todo o tempo que eu quiser. Inclusive ajuda-me a inventar musicas com as melodias que nascem da pandeireta.
Um dia a mamã demorou mais que o habitual e tive que ir com a tia Filipa para a sua casa, porque já se fazia tarde. Eu já tinha estado muitas vezes na casa da minha tia, mas sempre de visita, assim normalmente ficava pouco tempo, mas desta vez estive muito. Enquanto a tia preparava o jantar para mim, para a minha mãe e para ela; deixou-me tocar a pandeireta num quarto onde ela guardava os instrumentos e tocava piano.
Oh! O quarto era muito bonito. Todas as paredes estavam decoradas. Uma de elas é azul, tem nuvens brancas e rosas pintadas; parecem reais. Na parede a seguir está desenhado um bosque com muitos pássaros de cor; outra de cor amarelo, tem muitas borboletas de cor com fadas sobre elas. A ultima parede é de cor rosa com muitos instrumentos, notas musicais laranja e a clave de sol violeta. Parecia um quarto muito especial, tive a sensação de estar a viajar quando entrei nele. No chão havia um grande tapete violeta muito peludo e muitas almofadas de cores num dos cantos. Decidi sentar-me lá, virada para a parede dos instrumentos. Sentia-me muito calma, assim, comecei a tocar a pandeireta, por estar num lugar tão giro, a tocar um instrumento de princesas, tem de ser uma sensação indescritível, que gostava de experimentar.
Concentrei-me muito, tal como nas aulas. Quando comecei a tocar, ouvi uma melodia muito bonita que saia da minha pandeireta, que até esse momento nunca tinha conseguido fazer, fiquei muito surpreendida mas ao mesmo tempo, eu senti-me tão bem, que continuei a tocar com um sorriso. Passaram uns minutos quando, Hércules, o cãozinho da minha tia entrou com sigilo no quarto e deitou-se ao meu lado, tranquilo e atento a melodia. O mesmo fizeram as suas gatinhas Miló e Milu. Não compreendi o que se estava a passar nem porque é que eles tinham tinham vindo para aqui. Sem me dar conta a minha tia tinha entrado no quarto e estava a ouvir as melodias da minha pandeireta com atenção. Quando a senti mexer-se, virei-me, ao mesmo tempo que continuava a tocar; ela disse-me para ver as notas musicais que estavam na parede. Elas pareciam mover-se e bailar..!que surpreendente! Pouco a pouco, estupefacta com a situação fui parando de tocar enquanto observava todo o que se gerou á minha volta.
A tia explicou-me algo que guardei com muito carinho no meu coração:
Quando tocamos um instrumento de forma harmónica, com amor pelo que estamos a fazer; o instrumento emite uma energia de amor, harmonia e cura que faz vibrar todos os seres vivos, chegando até ao mais profundo dos seus corações e também das células. Continuou a dizer: a musica ajuda a curar as pessoas e também relaxar-se para conseguir dormir e equilibrar-se; tem muitos efeitos positivos sobre todos os seres vivos.
Que entusiasmo. Tudo o que vivi durante a tarde e as palavras da tia Filipa, fizeram com que eu pensasse mito. Foi nesse dia que decidi que sempre que pudesse, faria todo o possível por alegar e curar os corações de todas as pessoas com a musica da minha pandeireta.
Aprendi que a musica é uma linguagem que todos os corpos, todos os corações e todas as almas compreendem; é a linguagem da cura e do amor.
Texto de autoria de Yolanda Castillo do Centro de Medicina Holística