Hoje o Blog da Criança traz para os nossos queridos leitores e leitoras uma linda história que fala sobre o Direito a ser criança. Esta linda história faz parte do projeto “Ensinando uma criança a Viver“, parceria entre o Blog da Criança, o Clube das Estrelinhas e a Sehiarpo Associação – Pelas crianças do Mundo.
Martim e o Dia Mundial da Criança!
Tema: Direito a ser criança!
Olá! Eu sou o Martim, vivo numa cidade a norte de Portugal, chama-se Monção, conhecem? É muito bonita e os seu habitantes são muito simpáticos. Ah! Monção tem uma particularidade interessante, está muito pertinho da Galiza (Espanha), mais concretamente da cidade de Salvaterra do Minho. De certeza que nunca ouviram falar desta cidade mas também tem pessoas muito aconchegantes e o seu idioma é muito parecido com o nosso. Muitas vezes, pela proximidade que existe, o meu colégio faz atividades com outras escolas e grupos desportivos de Salvaterra. É muito divertido, aprendemos muito e ainda conseguimos visitar muitos monumentos e lugares históricos da cidade.
Eu gosto muito de ir ao colégio, porque quero crescer e quando eu for maior, quero ser inteligente e ter conhecimentos das coisas para poder ter um trabalho para ajudar e ensinar os outros. Ah! É no colégio que fazemos atividades muito criativas e muitas delas em grupo para ganharmos mais conhecimentos e aprender a trabalhar em equipa.
Desde há 2 semanas, existe uma agitação no colégio, todos os professores andam stressados, andam de um lado para o outro a correr até parece que voam. Estamos todos muito curiosos, sem saber o que está para acontecer.
Um dia de manhã, a professora Rosário, com a sua graciosa voz, sim graciosa porque fala espanhol e fica muito divertido ouvi-la, disse-nos:
– Meninos, tenho a certeza de que não se lembram o que acontece no próximo dia 01 de Junho.
Todos ficamos em silêncio.
– Pois já imaginava. – Continuou a professora Rosário. – É o Dia Mundial da Criança, o vosso dia!
Nós sorrimos entusiasmados, porque isso queria dizer que o colégio ia fazer uma grande festa.
– Como todos os anos, – continuou a professora Rosário – o colégio celebrará este dia, mas não como habitualmente fazemos, irão ter insufláveis e palhaços mas apenas por umas horas. Vamos também celebrar com poemas, textos, teatros, etc, alusivos ao dia da criança. Por isso, os professores, dividiram e m temas e tarefas e fizeram grupos de alunos para trabalharem cada tema e cada tarefa nas próximas semanas.
Em silêncio todos ouvíamos com muita atenção.
– Bem, nós vamos trabalhar sobre o tema “Ser Criança”. Todos aqui são crianças mas alguma vez pararam para pensar o que implica ser criança? O que é realmente ser criança? É sobre isso que eu quero que trabalhem, perguntando, refletindo e observando e criar um texto ou uma frase sobre esse tema.
– Uauuu! – disse o António – professora Rosário isso parece ser muito difícil.
– Calma António – disse a professora – não é tão difícil quanto parece, porque todos são crianças e essas respostas vão encontrá-las no vosso coração.
– Na verdade, eu também pensei que era uma tarefa muito complicada – continuou a professora – o trabalho é para ser entregue dia 29 de Maio e vai ser feito individualmente, uma vez que não temos todos a mesma opinião. Todos os trabalhos vão ser expostos na grande festa do Dia Mundial da Criança.
Terminou o dia de escola, regressei a casa pensando em tudo o que sucedeu durante o dia. Toda a explicação que a professora nos tinha dado, repetia-se na minha cabeça como se estivesse gravado. Em casa sentei-me no jardim, enquanto a minha avó fazia as suas tarefas. As horas passaram e eu ainda não sabia o que fazer, o que escrever nem onde ia buscar as ideias. A mamã chegou do trabalho e a avó disse-lhe que eu estava no jardim já há algumas horas. Ela veio ter comigo e perguntou-me o que se passava!
Eu confio nos meus pais, eles para mim são muito mais que pais, são também meus amigos.
Contei à minha mãe tudo o que a professora Rosário tinha dito na aula, e ela ficou muito entusiasmada tal como a professora.
– Que linda ideia! Vai ser um momento muito educativo – disse a mamã.
Eu fiquei triste e disse-lhe:
– Mas mamã, eu estou bloqueado, não tenho ideias, apesar de ser criança não sei o que escrever, é muito difícil.
Ela abraçou-me e depois continuou:
– Filho és muito criativo, além disso, a professora tem toda a razão numa coisa!
– Ai sim? Em qual? – interrompi eu.
– A chave de tudo é ouvir o teu coração e isso tu sabes fazer Martim. Sempre soubeste quais as tuas responsabilidades, os teus valores, as tuas atitudes, por isso sinto-me muito feliz como tua mãe.
As palavras da minha mãe e a aprovação da minha avó, que chegou ao jardim quando a minha mãe estava a acabar de falar, fez-me sentir mais relaxado e de repente a minha avó disse:
– Além disso, Martim, estamos todos do teu lado para te ajudar.
– Ajudar……… Ajudar-me……. claro! A chave do meu trabalho é essa! A ajuda! – disse em voz alta e continuou:
Mamã vens comigo visitar os vizinhos? Tenho de lhes perguntar o que é para eles ser criança. E tu avó? Vens comigo aos parques infantis, que não são frequentados por crianças da minha turma?
Ambas responderam á vez!
– Claro! – sorriam com ar de satisfação.
Fui a correr ao meu quarto, e peguei num caderno novo e fiz uma lista sobre as pessoas que queria que me dessem a opinião sobre o tema.
Durante toda a semana, pelas tardes, levei o meu caderno e fui com a minha mãe e a minha avó iniciar as minhas investigações.
Perguntava e tomava nota de todas as respostas. No final da semana, tinha muitas opiniões o que já me deixava mais calmo. No fim de semana aproveitei que a família estava toda em casa e perguntei-lhes o que para eles implicava ser criança.
A professora relembrava-nos, todos os dias, sobre a importância desta atividade.
– Fim! Completei o meu caderno! – disse ao papá – agora vou para o meu quarto ler todas as frases para poder criar o meu próprio texto.
Passaram horas e eu continuei a minha leitura, muito interessante, mas estava tão cansado que adormeci a ler e tive um sonho muito bonito. Estava a girar dentro de uma bola de luz branca com muitos meninos de diversos países e todos estávamos a cantar a canção do coração dos meninos. Criamos esta canção com olhares, sorrisos e zumbidos!
– Ringggggg!
– Oh não! O som da porta acordou-me! – disse em voz alta – Bom não faz mal, já sei o que fazer!
Fui ao escritório da minha mãe, onde tem muitos materiais, ela é pintora, logo consegui uma cartolina grande, pinturas de muitas cores, lápis de cor e muito mais. Pintei os meus pés e as minhas mãos de diferentes cores e coloquei-os por toda a cartolina. No meio, escrevi um título muito chamativo, “Ser Criança” e no meio da cartolina o seguinte texto:
“Para mim, ser criança, é um presente do Universo, um presente dos nossos pais, eles deram-nos a vida, e nem que seja só por isso, temos de lhes agradecer. Ser criança é ser uma estrela inocente e pura na Terra, que ilumina os corações de todas as pessoas adultas. Ser criança é ser um humano com direitos: direito a ser feliz, a crescer em liberdade, a ter saúde, a ter uma família, uma identidade, a não ser discriminada, etc. Mas também temos deveres: temos o dever de contribuir para a felicidade e bem-estar dos outros e também de fazer coisas boas, porque tudo o que fazemos nesta vida, vai ser retribuído de igual modo, por isso devemos compartilhar, respeitar, tolerar, perdoar, atuar com amor e defender a nossa segurança. ”
Quando acabei o trabalho, fiquei muito contente, porque, com a ajuda de todas as pessoas que me deram as suas opiniões e que guardei no meu caderno, consegui fazer um trabalho muito bonito, ouvindo o meu coração.
Corri entusiasmado a chamar pelos meus pais e pelos meus avós, para lhes mostrar o meu trabalho! Todos me felicitaram e ficaram muito orgulhosos de mim!
Hoje é o grande dia, tenho de apresentar este trabalho na minha turma, para ver se os meus companheiros e a professora Rosário gostam. Depois de ouvir metade da turma a apresentarem os seus trabalhos, eis que chega a minha vez.
Contei-lhes a minha aventura para me inspirar, toda a ajuda que tive e todos os pormenores! Ah! Também lhes apresentei o meu trabalho! Todos eles gostaram muito e a professora elogiou-me pelas brilhantes ideias.
A professora Rosário viu o meu caderno e como todas as pessoas que colaboraram, ajudaram e inspiraram-me, decidiu fazer um convite muito especial a todos, para assistirem ao evento.
– Que bom! Não há melhor forma, a não ser esta, de agradecer toda a ajuda.
Chegou o grande dia e todos estavam presentes, tinha muita gente, inclusive meninos de outros colégios e todos juntos conseguimos transmitir a ideia do que é “ser criança”. Um direito e um dia tão especial, que me fez sentir muito feliz por ser criança e saber o quanto é importante a minha presença e o meu trabalho neste mundo.
Sehiarpo Associação – Pelas crianças do Mundo
https://www.facebook.com/sehiarpo.asociacion