Dando seguimento ao projecto ENSINANDO UMA CRIANÇA A VIVER, que iniciou no dia 01 de Junho de 2014, em parceria com Clube das Estrelinhas e o Blog da Criança , trazemos mais uma historia para os nossos pequeninos, que tem como tema o problemas de comunicação. Vamos ver a linda história de Pedro que tinha medo de expressar suas opiniões e o que pensava diante dos colegas e demais pessoas do seu convívio.
A roleta das emoções positivas.
Tema: problemas de comunicação
Pedro é uma criança muito observadora. Sempre presta atenção aquilo que o rodeia e também às pessoas com quem convive. Tenta ver sempre algo bom nelas, porque acredita que existem coisas demasiado más no mundo para tentar encontrar defeitos ou fazer sentir mal as pessoas. Por isso Pedro não gosta que existam faltas de respeito entre as pessoas. Claro que como podem imaginar, ele é uma criança muito sensível, amorosa e cuidadosa, gosta muito de estar em contacto com tudo o que aumenta e estimula a sua sensibilidade: as árvores, conchas, animais, o mar, etc.
Como Pedro é tão sensível e não magoa os outros, espera que os outros também sejam assim. Por isso, muitas vezes sente-se triste, porque as crianças são agressivas ou fazem pouco das suas atitudes cuidadosas. A ele, entristece-lhe sobretudo que eles sejam assim, tão cruéis.
Ele tem um sonho: ser completamente feliz e fazer com que os outros se contagiem com a sua felicidade. Encanta-lhe viajar e passar tempo perdido nos seus pensamentos de sonho, para fugir da realidade, porque para além de se sentir triste, ele tem um problema que ainda lhe causa mais angústia. Na sua mente tudo funciona bem, na perfeição. Sabe o que sente, como o sente e como o transmitiria aos outros. Mas quando queria falar com os outros, não era capaz. Não sabia como dizê-lo, porque os outros eram demasiado brutos e ele não queria magoá-los. Então nunca expressava o que na realidade opinava ou sentia. Por isso, quase sempre se mantinha em silêncio.
A sua irmã mais velha, Maria, está muito preocupada com esta situação, porque Pedro cada vez fala menos e se evade nos seus pensamentos. Por isso ela decidiu falar com ele:
– Pedro, podemos falar um pouco? – disse Maria.
– Sim, sobre o que queres falar? – disse Pedro.
– Que se passa contigo? Porque não te expressas mais? Quase sempre estás calado e sei que muitas vezes tens opiniões formadas ou queres manifestar o que sentes, mas guarda-las para ti e ficas em silêncio, digam o que disserem os outros. – disse Maria.
– Pensei que ninguém se tinha apercebido. – respondeu Pedro.
– Claro que sim, guardar tudo para ti não é bom. –apontou Maria.
– Às vezes não estou de acordo com o que outras crianças fazem, ou com atitudes que papá e mamã têm. Eu acredito que o mundo é algo muito melhor que discussões, lutas ou insultarem-se uns aos outros, entendes? Mas não consigo manifestar o que sinto ou defender-me, porque assim vou ser igual a eles, ou não me vão escutar…não sei Maria, sinto-me inseguro, fico em branco e não falo.
– Está bem. Isso acontece-nos quando não sabemos enfrentar as nossas emoções e temos medo a ser criticados, julgados e rejeitados pelo que somos e o que pensamos. Mas eu vou-te ajudar – disse Maria com entusiasmo.
– Achas que me podes ajudar? – disse Pedro surpreendido.
– Claro, vamos tentar. Sabes o que é uma roleta não sabes? Pois então vamos criar uma roleta em cartolina, só com emoções positivas que contrariam as negativas que tu sentes quando tens que expressar-te. Então primeiro vamos fazer a lista das emoções que tens. – Continuou Maria.
– Certo, vamos tentar – disse Pedro.
Juntos se dispuseram a fazer a lista de sentimentos que impediam que ele conseguisse comunicar-se, tal como o medo e a vergonha. Durante dias, Maria e Pedro trabalharam e falaram sobre isso e sobre situações nas que, automaticamente perdia o controlo e não falava. Em cada pequeno ponto, Maria ía-lhe dando a sua opinião como irmã mais velha e tentava ajuda-lo a superar os seus pânicos e a melhorar as suas atitudes.
Dias depois, quando Pedro se sentiu preparado, iniciaram a construção da roleta com cores bonitas e vivas. Cada lâmina da roleta tinha escrito uma emoção positiva: amor, confiança, segurança, respeito, alegria, perdão, compreensão, gratidão, serenidade, bondade.
– Estas são emoções e sentimentos positivos que contrariarão os teus medos.
Verás: com os outros e as suas atitudes aprendemos, pelo que trabalharemos a compreensão, para entender que são eles os que não estão bem, por terem atitudes como as que têm e por não te respeitarem. Em contrapartida, tu atuarás respeitando-os a todos e mostrando gratidão, porque te ensinam a ser grato e bondoso. Como os comprenderás, tens que perdoar a todos os que não te respeitam ou não te dão espaço para poderes falar, e com segurança, firmeza e confiança, dar a tua opinião, dizendo o que sentes em todo o momento, para manter a tua alegria, estimular o teu amor próprio e sentires-te capaz de expressar-te. Porque a vergonha é uma manifestação da tua insegurança. Com todos estes sentimentos positivos, tens uma caixa de ferramentas perfeita para que não tenham motivo nem espaço para aparecer. – Disse Maria.
– Parece difícil Maria, não sei se tenho capacidade… – interrompeu Pedro.
– Sim! Claro que tens. Este é o resumo de como todas as emoções positivas se entrelaçam e não deixam espaço para que apareçam as negativas. Agora vamos fazer exercícios de expressão individualmente com elas, parece-te bem? – seguiu Maria.
– Certo, tenho que superar os meus problemas para expressar-me – afirmou Pedro.
Passaram muitas horas realizando exercícios de expressão, comunicação e compreensão de tudo o que tinha estado a preparar. Logo cedo de manhã, lançavam a roleta e se empenhavam na emoção que lhes tinha aparecido. Apesar de Pedro inicialmente não se sentir seguro com aquilo, a realidade é que tudo melhorou, e sem ele dar-se conta, começou a manifestar a sua opinião em coisas que lhe agradavam, como as aulas de agricultura. Quando as crianças tentavam menosprezá-lo por ele ser mais sensível, Pedro, apenas sorria e dava-lhes graças. Pouco a pouco, sentiu-se seguro, com confiança no que ele dizia e o seu sorriso de felicidade voltou a aparecer.
Ele mostrava uma gratidão infinita a Maria e à roleta das emoções positivas, porque graças a ela, tinha perdido o medo a expressar-se e tomava atitudes firmes em sua vida.
Os anos passaram e ele cresceu, convertendo-se num adolescente seguro e sem medo a expressar o que sentia, por isso, decidiu ajudar e ensinar aos mais pequenos, as vantagens da roleta das emoções positivas.
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